Dos cinco traços de caracteres que existem no nosso corpo e na nossa mente, dois deles são os que mais têm dificuldade para confiar: o Psicopata e o Rígido.
Primeiro vamos falar do traço psicopata!
“Eu me sinto muito mal quando sou cobrado por não confiar nas pessoas, só que por mais que eu tente, eu simplesmente não consigo confiar e quando eu tento sempre dá errado.” Você conhece pessoas que não conseguem confiar em ninguém? Que passam a sensação de que vivem com o pé atrás e nunca se abrem totalmente?
Elas parecem estar sempre na defensiva, mantendo uma distância segura, e dificilmente falam ou expõem coisas pessoais ou íntimas para alguém.
São aquelas pessoas que mesmo conhecendo há muito tempo, a sensação é de que ainda não sabemos quase nada sobre a vida pessoal delas.
Se você é essa pessoa, talvez já tenha uma parte sua aí dentro querendo desconfiar do que eu vou falar , está tudo bem!
Vamos começar contando então como surge a dificuldade de confiar.
Do traço de caráter Psicopata. Esse traço se forma na terceira etapa do processo de mielinização, ali quando a criança tem de 1 a 2 anos de idade, no momento em que ela começa a ter as primeiras interações com o mundo.
Nesse momento, ela aprende que o mundo não é só a mãe dela e começa a interagir com outras pessoas.
Com o pai, com os irmãos, com os avós, com outros parentes…
É quando a criança também está aprendendo a falar, a andar e a interagir mais com as pessoas.
E é normal os pais quererem mostrar isso para os outros e pedirem para a criança falar e fazer gracinhas.
As pessoas dão risada, acham bonitinho, elogiam, fazem carinho.
A criança se sente o máximo.
Outra coisa que acontece nessa idade é que os pais começam a fazer acordos e negociações com a criança.
Como assim?
A criança começa a fazer birra, por exemplo, e ouve dos pais coisas do tipo “se você comer tudo, eu um docinho pra você”, “se você se comportar, eu te dou um presente”.
Ela descobre que, quando ela faz coisas que os outros gostam, ela ganha algo em troca.
Um sorriso, um carinho, um elogio ou até uma recompensa.
Para nós, adultos, pode até parecer normal e que não tem nada de mais quando isso acontece uma vez ou outra.
Mas tem casos em que isso acontece muito.
E aí, para aquela criança que ainda está aprendendo como o mundo funciona, a mensagem que fica é que ela só vai receber alguma coisa boa quando fizer algo em troca para merecer isso.
Que ela só será amada pelos pais e pelas pessoas quando fizer algo que eles querem.
Ou seja, que o mundo funciona à base de trocas e acordos.
A mente dela registra que os sentimentos e vontades dela não importam, só importa aquilo que ela pode fazer para os outros.
Olhando por esse lado, olha que coisa horrível.
E aqui, não estamos falando que os pais fazem isso por maldade ou tratam a criança assim de propósito, tá bom ?
Para os pais, que olham o mundo como adultos, essas trocas e acordos parecem ser algo pequeno.
Mas para a criança, com o olhar dela, o excesso disso pode fazer ela se sentir usada ou manipulada pelos pais.
E esse é justamente o medo que as pessoas com o traço de caráter Psicopata passam a carregar dentro delas: o medo de serem usadas ou manipuladas.
Por isso elas parecem estar sempre com o pé atrás quando lidam com pessoas, ambientes ou situações novas.
Enquanto não ficar claro para elas o que elas têm a ganhar ali ou o que elas têm que dar em troca, elas não conseguem confiar.
Por conta do que aconteceu na infância, elas também são mais sensíveis a situações que envolvem algum tipo de injustiça.
Num acordo justo e saudável, as duas partes combinam como as coisas vão ser e todo mundo sai ganhando alguma coisa, certo?
Então mas e quando
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Eu já expliquei por que as pessoas com o traço de caráter Psicopata não conseguem confiar em ninguém.
E mostramos como lidar melhor com isso.
E as pessoas com o traço de caráter Rígido?
Será que o corpo explica por que elas não conseguem confiar em ninguém?
Por que será que as pessoas com o traço de caráter Rígido têm tanta dificuldade para confiar em alguém e até nelas mesmas?
Elas têm essa dificuldade porque, ao longo da vida, vão acontecendo várias coisas que reforçam a percepção delas de que.
Elas podem ser trocadas, traídas ou excluídas a qualquer momento.
Por conta disso, elas sempre acham que estão sendo comparadas com uma segunda opção e preferem não se entregar e nem confiar.
E aí, elas também buscam uma segunda opção para elas e se dividem entre as duas.
É um jeito delas se sentirem mais seguras.
Se uma opção não der certo, ainda tem a outra.
É muito difícil viver assim.
E é desgastante viver sempre em estado de alerta e ter tanta dificuldade pra confiar nas pessoas.
Tá, mas de onde vem toda essa dificuldade?
O que fez os Rígidos começarem a acreditar que podem ser trocados, traídos ou excluídos a qualquer momento?
Essa percepção começa a existir lá no momento de formação do traço de caráter Rígido
Esse traço de caráter se forma na quinta e última etapa do processo de mielinização, ali quando a criança tem de 4 a 5 anos de idade.
Nessa fase, a sexualidade começa a se manifestar e a criança percebe uma energia diferente no corpo dela.
Ela percebe também que as pessoas vivem em pares.
O papai tem a mamãe, o vovô tem a vovó, o titio tem a titia.
Mas e ela, como é que ela fica?
Ela não quer ficar sozinha, então ela começa a buscar um par pra ela também.
E, na cabecinha dela, a pessoa mais próxima, mais confiável e mais interessante pra ela montar um par.
É o pai, no caso da menina, ou a mãe, no caso do menino.
A criança então vai buscar essa aproximação.
E a menina vai se sentir como a princesa do papai e o menino, como o príncipe da mamãe.
Só que essa relação vira um triângulo amoroso.
Como assim um triângulo amoroso?
Vamos pegar um exemplo, o caso da menina.
Ela se aproxima mais do pai, recebe o amor e atenção dele, só que ele já tem a mãe dela como par.
Então, na hora de dormir, por exemplo, o que acontece é que o pai dá um beijo de boa noite na filha, deixa ela sozinha no quarto dela e vai dormir com a mãe.
E às vezes, quando os pais saem pra namorar, eles pedem pra alguém cuidar dela.
Um parente, uma babá…
Para nós, adultos, nada de mais, isso é normal.
Mas para aquela menina, que tá procurando um par e enxerga o pai como candidato ideal, a história é outra.
O sistema nervoso dela registra de outro jeito.
Ela se sente excluída da relação.
Ela sente que, quando os pais estão juntos, ela fica sobrando… de fora.
E isso faz com que ela se sinta traída e trocada pelo pai.
“Como assim ele me beija, me abraça, diz que me ama, que eu sou a princesa dele, mas me larga sozinha pra ficar com a minha mãe?”
Ela percebe então, que nesse triângulo amoroso, ela é a “ponta mais fraca”.
Ela tá numa posição de desvantagem.
Tanto porque quem tem o poder de escolha ali é o pai, quanto porque ela sai perdendo a disputa com a mãe.
E aí, o que acontece?
O corpo e a mente dessa menina começam a se desenvolver para que ela tenha mais chance nessa disputa.
E assuma uma posição de vantagem nessa triangulação.
Ou seja: se ela for perfeita, linda e charmosa, ela vai ser o centro das atenções.
Vai ser mais desejada e garante que vai ser sempre a melhor opção disponível.
E assim ela evita ser excluída, traída ou trocada de novo.
Então o corpo dela vai passar a ter formas mais harmoniosas, mais atléticas e mais simétricas.
Pra parecer mais atraente.
E a mente dela vai ficar mais ágil, mais competitiva e ela vai se esforçar para fazer tudo melhor, mais rápido e mais perfeito.
Além de buscar maneiras de conquistar o pai para ter a atenção dele e ser escolhida.
Aqui eu to usando o exemplo da menina com o pai, mas no caso do menino com a mãe acontece do mesmo jeito, tá bom?
Esse triângulo amoroso com os pais faz o sistema nervoso registrar essa sensação de ser trocado, traído e excluído.
E por isso as pessoas com o traço de caráter Rígido têm a percepção de que tão sendo sempre comparadas com uma segunda opção.
Como elas vão conseguir confiar e se entregar por inteiro se, na percepção delas.
Parece que tem sempre uma segunda opção e elas podem ser comparadas e trocadas de novo?
Na visão delas, é melhor se dividir também e buscar uma segunda opção, assim elas se sentem mais seguras caso a primeira opção não dê certo.
E como elas vão conseguir confiar e se entregar se tem a chance do outro estar mentindo e enganando elas?
Se, no final, elas podem acabar sendo traídas de novo?
É por isso que, muitas vezes, as pessoas com o traço de caráter Rígido “testam” os outros.
Elas criam situações para confirmar se a outra pessoa está mentindo ou tentando enganar elas de alguma forma.
Ou pra confirmar se existe realmente uma segunda opção em jogo e elas podem estar sendo comparadas de novo.
Ao longo da vida, acontecem várias coisas que acabam reforçando essa necessidade inconsciente de ficar sempre em alerta.
De ficar com o pé atrás, testar os outros, de não se entregar por inteiro.
E de buscar uma segunda opção pra sentirem mais seguras.
A questão da confiança é tão tão complicada para essas pessoas, que tem vezes elas que não confiam nem nelas mesmas.
Elas ficam com a sensação de que não são boas o suficiente, que nunca está bom.
E que sempre falta alguma coisa pra elas serem perfeitas.
Quando elas sentem que não vão conseguir ganhar uma disputa ou assumir a posição de vantagem na relação, elas preferem nem se envolver.
Porque aí elas se poupam de se decepcionar de novo e de se sentirem trocadas ou excluídas.
Olha como é difícil viver desse jeito.
Mesmo sendo incríveis, essas pessoas ficam com medo de perder a posição de vantagem na relação.
De serem comparadas e trocadas por outra opção.
E aí, o que elas fazem?
Vão buscar ainda mais perfeição.
E mesmo ouvindo dos outros o quanto elas são incríveis, elas ficam com receio de estarem mentindo pra elas ou só tentando agradar.
E serem enganadas e traídas de novo.
E aí, vão buscar ainda mais ter o controle da situação.
E é nesse processo que elas ficam ali, alimentando a desconfiança
E é aí que entra a perfeição e o controle. Duas coisas muito importantes pras pessoas com o traço de caráter Rígido.
E por que que isso é tão importante?
Porque são os dois caminhos que elas têm para estarem em uma posição de vantagem na relação e se sentirem seguras, mais confiantes.
Na cabeça delas, se elas forem perfeitas, elas passam a ser a melhor opção disponível e não precisam mais se preocupar em serem comparadas ou trocadas.
E se elas forem perfeitas, elas vão ser tão desejadas que aí são elas que vão poder escolher entre as opções que aparecem.
E ter as coisas sob controle, até nos mínimos detalhes, é um jeito delas se prevenirem pra não serem enganadas e traídas de novo.
Por isso, as pessoas com traço de caráter rígido são tão ciumentas.
A gente até tem um vídeo chamado “Pessoas Ciumentas” só pra falar sobre isso
Essa busca pela perfeição e pelo controle também faz com que as pessoas com o traço de caráter Rígido tenham muita dificuldade em pedir ou aceitar ajuda.
Pedir ajuda, para elas, é como admitir uma fraqueza, dificuldade ou vulnerabilidade.
E admitir isso faz com que elas se sintam imperfeitas, incompetentes, que elas não são a melhor opção.
Inclusive, a gente falou mais sobre isso na nossa série de vídeos sobre Pessoas que Não Conseguem Pedir Ajuda
Falando desse jeito, parece que elas fazem isso por um orgulho besta, né?
Mas não é não.
Elas realmente têm um medo muito grande de se verem como imperfeitas e de ficarem numa posição de desvantagem na relação.
E elas morrem de medo de depender de alguém pra alguma coisa, depois não dar certo e elas saírem prejudicadas ou ficarem sem opções.
Por isso é difícil para elas abrir mão do controle e deixar outras pessoas fazerem as coisas por elas.
Elas preferem fazer sozinhas ou acompanhar o processo de perto, pra garantir que vai sair perfeito do jeito que elas querem.
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Quando é o outro que tem o poder de escolha ou está numa posição de vantagem, elas não conseguem confiar porque acham que vão ser excluídas, trocadas ou traídas de novo.
Então elas vão desconfiar DE TUDO e DE TODOS que tentem decidir as coisas por elas, que tirem o poder de escolha delas.
Ou que façam elas ficarem numa posição de desvantagem.
Elas vão arrumar algum jeito de virar esse jogo.
Nem que seja se dando a opção de cair fora e abandonar o jogo.
Porque ter essa segunda opção faz elas terem o poder de escolha de novo.
Imagine estar numa relação com alguém que te fala o quanto você é incrível, promete mundos e fundos e consegue fazer você confiar e se entregar mais.
E depois disso te troca, te engana e te deixa na mão, sem nada?
Ou que usa os seus erros e as suas imperfeições só para te colocar pra baixo e exigir mais de você.
Só pra te manter numa posição de desvantagem?
Horrível isso né?
Da até um negócio assim pensar nisso.
Eu, que sou Rígida então, me sinto péssima imaginando esse tipo de situação.
Pois é.
É desse tipo de coisa que nós, Rígidos, temos medo.
Ok, Dha, então como fazer para lidar melhor com essa dificuldade de confiar?
Vamos começar por você, que convive com uma pessoa que tem mais Rigidez.
Você já entendeu que ela precisa se sentir numa posição de vantagem na relação.
Seja tendo poder de escolha ou sendo a melhor opção disponível.
Mesmo que não exista outra opção em jogo, na cabeça dela, ela vai sempre estar disputando você com alguma coisa.
Então reforce para ela o quanto ela é incrível, reconheça as coisas boas que ela faz e o quanto você está feliz por ter ela ali com você.
Faça essa pessoa sentir que ela é desejada.
E se você estiver numa posição de vantagem nessa relação, não abuse dessa posição para exigir mais dela ou chantagear ela.
Em vez de apontar os defeitos ou imperfeições dela de forma crítica, apresente de uma forma que encoraje ela a melhorar.
E mostre que você ama e valoriza ela do mesmo jeito.
Mostre que ela não precisa ser perfeita pra receber o seu amor e ser valorizada.
Envolva ela nas decisões que afetam ela de alguma maneira
Quanto mais transparente você for, menos ela vai se sentir ameaçada ou deixada de fora.
E, muito importante: tome muito cuidado com mentiras, até mesmo as pequenas.
Jogue limpo, seja honesto e transparente.
Se ela sentir que ela pode ser traída ou trocada, ela vai começar a buscar ou considerar outra opção.
Ela vai te trocar antes de ser trocada.
Por fim, se ela começar a abusar da posição de vantagem que ela tem na relação, começar a mentir ou mesmo trair, é hora de vocês terem uma conversa de adulto.
Deixe claro que você está ali porque gosta dela, mas que nem você e nem ela são obrigados a continuar numa relação abusiva ou desagradável.
A porta de saída está aberta para os dois.
E se for preciso, saia.
Agora, se você é essa pessoa que eu descrevi aqui no vídeo, eu quero ter um papo aqui de Rígido para Rígido com você.
Muito da sua dificuldade de confiar, tanto nos outros como em você mesmo, vem de você não sentir que vai ser amado, aceito ou reconhecido se for imperfeito.
Aí você começa a sentir que não é bom o suficiente ou que nada do que você faz é bom o suficiente.
A buscar uma perfeição exagerada pra se proteger de ameaças que muitas vezes só existem na sua cabeça.
E, nesse processo, você se cobra horrores e coloca a sua régua lá em cima.
Só que aí você acha que todo mundo tem a mesma régua que você.
Que todo mundo vai esperar e exigir de você o mesmo tanto que você se cobra.
E isso não é verdade.
Hoje, quem alimenta a sua desconfiança é você mesmo, quando se cobra além da conta e não se orgulha daquilo que você já fez ou conquistou.
E talvez você ache bom ser perfeccionista e se cobrar demais, mas de verdade, é um inferno viver assim.
É um preço muito alto que você paga.
Um nível de cobrança irreal só vai fazer você sentir que não dá conta de fazer as coisas.
Só vai fazer você se sentir inseguro de entrar no campo de batalha.
Então antes de se resolver com os outros, você precisa se resolver com você mesmo.
E o primeiro passo é você calibrar essa sua régua interna e começar a colocar o nível de desafio e cobrança num lugar que faça você se sentir encorajado.
Que você olhe e sinta que dá conta de alcançar.
Nem sempre você vai estar no seu melhor dia, ou conseguindo entregar seu melhor resultado.
Não é sempre que você vai fazer um gol de bicicleta.
Tem dia que você vai marcar gol de canela.
Tem dia que a bola vai bater em você por acidente e entrar no gol.
E, de um jeito ou de outro, você precisa ser o primeiro a se dar um tapinha nas costas.
A se orgulhar do que você está fazendo e conquistando.
Se você não confiar na sua própria capacidade e se orgulhar de você mesmo, não adianta nada esperar isso vir de fora.
Porque, quando vier, você vai desconfiar se é um reconhecimento sincero ou puxa-saquismo.
Então abra mão de fazer tudo tão perfeito e deixe as coisas serem um pouco mais leves.
Você vai exigir menos de você e vai acabar exigindo menos dos outros também.
Se permita errar e ser imperfeito em algumas coisas.
Tem gente que se diverte sendo imperfeito.
Tem pessoas que se destacam, são amadas e admiradas justamente pelas imperfeições que elas têm.
E nem tudo vale a pena você tentar controlar.
Tem coisa que é melhor nem esquentar a cabeça.
Tem coisa que tá fora do seu controle ou não depende de você.
Foque no que depende de você.
E escolha estar perto de pessoas, lugares e situações que façam você se sentir amado, valorizado e reconhecido.
Mesmo que você não seja ou faça tudo perfeito.
Você não é um troféu.
Você é uma pessoa.
E você não precisa ser perfeito pra ser incrível ou receber amor.
To te falando isso de coração.
De Rígido pra Rígido. Beleza?
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Ah, e me conta também aqui embaixo, nos comentários, qual o maior aprendizado que esse post te trouxe.
Vou adorar ler esses comentários, beleza?
Então, nos vemos no próximo artigo. Até mais. Tchau tchau.